Especialistas dizem que a Bahia é uma potência na produção de energia limpa
A Comissão Especial da Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde da Câmara dos Deputados realizou a segunda audiência pública nesta terça-feira (11) com o tema “Rotas tecnológicas para produção do hidrogênio sustentável”. O debate foi proposto pelos deputados Bacelar (PV-BA) e Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), relator e presidente da comissão, respectivamente.
Bacelar explicou que o debate teve como objetivo conhecer melhor os aspectos envolvidos em cada uma das rotas de produção do hidrogênio para, assim, elaborar o relatório e propor a criação do Marco Regulatório. “O hidrogênio como produto final pode ser obtido a partir de diversos processos, com diferentes insumos e procedimentos. Alguns deles envolvem emissão de poluentes, outros são totalmente limpos e há alguns em que os poluentes produzidos são capturados e estocados”.
Durante o encontro, especialistas afirmaram que a produção de hidrogênio combustível no Brasil deve ter como meta a baixa emissão de gases do efeito estufa, independentemente do tipo de matéria-prima e da tecnologia utilizada.
O modelo econômico baseado na redução de emissões, também chamado de economia de baixo carbono, visa o menor impacto no meio ambiente, estimulando o uso racional de recursos naturais e a ampliação do uso de energias renováveis, tendo como pilares a transição energética, a conservação florestal, o mercado de carbono e a economia circular (reuso e reciclagem).
O diretor de estudos econômico-energéticos e ambientais da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Giovani Machado, chamou a atenção para a nomenclatura “hidrogênio verde”. Para ele, associar a rota tecnológica a cores pode ser um limitador.
“É impreciso associar a rota tecnológica usada na produção de hidrogênio a cores: cinza (combustíveis fósseis) e azul (gás natural). Temos que pensar na questão do baixo carbono com as diferentes rotas possíveis, certificando tudo e tendo a possibilidade de jogar com a composição. Às vezes, você tem um potencial menor para uma determinada rota em uma área, mas, ao lado, tem um vizinho com outra rota. Isso aumenta o volume, a competitividade e reduz a complexidade”, explicou.
Os especialistas afirmaram que a cadeia de produção de hidrogênio deve considerar ainda o número de empregos gerados. “O problema hoje não é só CO2, é também emprego, que gera desigualdade”, disse o professor e coordenador do laboratório de genômica e bioenergia da Unicamp, Gonçalo Pereira.
Bahia como uma grande potência
Bacelar lembrou que a Bahia tem se destacado como um importante produtor de energia solar e eólica no Brasil pela alta incidência solar e a presença de ventos constantes ao longo da costa. Disse ainda que o governo estadual tem incentivado a implantação de parques solares e atraído investimentos nesse setor.
O gerente de negócios do Campus Integrado de Manufatura de Tecnologia do Senai da Bahia, Miguel Andrade, destacou o potencial do estado. “Nós vamos ter uma matriz energética ampla, complexa, com hidrogênio, solar, eólica, hidro, nuclear, biomassa. O caminho vai nesta direção: entra o hidrogênio e o petróleo perde hegemonia, mas continua presente durante um longo tempo”, disse.
Fonte: Classe Política