Mais de 1,5 milhão de turistas são esperados na Bahia durante os festejos juninos; eventos devem movimentar cerca de R$ 1,6 bilhão
Além do aquecimento econômico do comércio, há também a lotação do setor hoteleiro e de casas de família, que costumam sair de seus imóveis e alugar para turistas que desejam curtir a festa.
Bandeirolas coloridas, tecidos de chita e roupas quadriculadas tomam conta do comércio baiano durante o mês de junho por causa dos festejos juninos. Para este ano, a Secretaria de Turismo do Estado (Setur-BA) estima que mais de 1,5 milhão de turistas participem do São João da Bahia, na capital e no interior, e movimentem quase R$ 1,6 bilhão na economia.
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Além do aquecimento do comércio, há também a ocupação do setor hoteleiro e o aluguel por temporada das casas de moradores locais, que costumam sair de seus imóveis nessa época do ano, para fazer uma renda extra com o aluguel para turistas que pretendem curtir os festejos juninos.
Para o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Quinho Tigre, o período junino é um momento diferenciado para o Nordeste e, especialmente, para a Bahia.
“Algumas cidades contam com grandes atrações musicais, outras com o forró pé de serra tradicional, com quermesses, novenas, enfim, é um momento muito importante”.
Quinho Tigre, presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) — Foto: Arquivo Pessoal
O presidente da UPB também falou sobre a migração de turistas para as cidades do interior. “A festa junina é basicamente interiorana, não é? As pessoas geralmente vão visitar os familiares no interior e, automaticamente, acabam participando dos festejos”, comentou.
“Fazer o São João não é gasto, é investimento, porque há um retorno financeiro positivo para o município. Além disso, algumas pessoas [comerciantes e empresários] ganham dinheiro que dá para passar o ano todo, ou seja, recursos que eles faturam durante os festejos juninos”, salientou.
Para saber como estão as expectativas para os festejos juninos no interior do estado, o g1 conversou com os gestores municipais de Cachoeira, Santo Antônio de Jesus, Amargosa e Ibicuí.
Cachoeira
Cachoeira, no Recôncavo Baiano — Foto: Divulgação/Prefeitura de Cachoeira
Em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, a prefeita Eliana Gonzaga disse que a previsão é de casa cheia a partir desta quinta-feira (22), quando os principais shows começam a acontecer nos dois palcos montados na sede da cidade.
“Esse retorno para o comércio de Cachoeira e para os ambulantes, ele gira em torno de R$ 40, R$ 45 milhões. Nós não temos mais uma pousada, uma vaga nada. Todas as pousadas estão super lotadas em Cachoeira”.
Eliana Gonzaga, prefeita de Cachoeira — Foto: Eric Luis Carvalho/g1
Para movimentar a economia da cidade antes dos festejos oficiais, neste ano, a prefeitura criou uma espécie de antecipação da festa, o “Esquenta São João”, que segundo a gestora municipal visou ajudar os comerciantes a se prepararem para os festejos juninos.
“Nesse ano, começamos com os festejos para Santo Antônio e depois vieram os ‘esquentas’ de São João, nos finais de semana, como aquecimento e também como ajuda aos comerciantes para que desses esquentas, eles começassem a fazer o dinheiro para os investimentos de agora nos festejos nos dias de São João”.
Cachoeira, no Recôncavo Baiano — Foto: Eric Luis Carvalho/g1
Alvo de críticas de oposicionistas, por conta do alto investimento, em torno dos R$ 9 milhões, a prefeita disse que o valor destinado à festa é considerado por sua gestão como um investimento na cidade.
“Eu não digo que é um gasto com os festejos de São João. Qualifico como um investimento nas pessoas de Cachoeira, no comércio local, porque aquece muito a nossa economia”, defendeu.
“O comércio ganha, os próprios produtores rurais que já começam desde antes, os produtores de licor também. Dinheiro dos aluguéis. Esse ano, as pessoas alugaram as casas com valores muito maiores. Então é toda essa cadeia que se movimenta por conta dos festejos juninos, com geração de emprego e renda”, disse.
Até o próximo domingo (25), a cidade vai contar com nomes de peso como Simone Mendes, João Gomes, Geraldo Azevedo, Bell Marques, Vitor Fernandes, Ana Catarina, Santanna o Cantador, entre outros.
Santo Antônio de Jesus
Multidão no São João em Santo Antônio de Jesus, no recôncavo da Bahia — Foto: Marcello Dial/Fotógrafo show
Em Santo Antônio de Jesus, que também fica no Recôncavo Baiano, a expectativa é de que a festa gere uma renda em torno de R$ 50 milhões para a cidade, conforme informou o prefeito Genival Deolino Souza.
“Essa injeção na economia beneficia toda a rede produtiva, do pequeno agricultor até as grandes empresas. A festa gera cerca de 2 mil empregos diretos e um número incalculável de indiretos, quando se acrescenta a economia informal”, comentou.
Cerca de 100 mil pessoas devem passar por dia pela cidade, entre 22 e 25 de junho. “O número de turistas que visitam Santo Antônio de Jesus durante os dias do São João quase se equipara ao número de santoantonienses”, afirmou o prefeito.
A economia movimenta todos os setores da cidade, principalmente o hoteleiro, que tem ocupação de seus 1.250 leitos esgotados nos hotéis e pousadas. Neste período também aumenta a procura de aluguel de temporada, o que gera uma renda extra para os moradores que disponibilizam suas casas para os turistas.
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Genival Deolino Souza, prefeito de Santo Antônio de Jesus — Foto: Divulgação
Este ano, foi cancelada uma das festas mais tradicionais do São João que aconteceria na cidade: o Forró do Lago. Os motivos para o cancelamento do evento não foram divulgados.
Apesar disso, o gestor afirmou que será realizada a festa privada “Forró SaJoão”, no dia 24 de junho, para substituir o Forró do Lago. A grade de atrações conta com a dupla Henrique e Juliano, além dos cantores Natan e Donas do Bar.
Em relação à segurança, Genival destacou que o esquema será intensificado este ano e contará com:
- Helicóptero da Polícia Militar à disposição do 14º batalhão;
- Câmaras de reconhecimento facial em tempo real, nos três portais de entradas da festa, com caminhão de processamento de imagens;
- Instalação de câmeras de vigilância dentro de todo o circuito da festa;
- Instalação de uma delegacia de área da Polícia Civil e posto de comando da PM, ambos dentro do espaço da festa.
Amargosa
Imagem aérea do São João de Amargosa em 2019 — Foto: Divulgação/Prefeitura de Amargosa
De acordo com Júlio Pinheiro, prefeito de Amargosa, que também fica localizada no Recôncavo Baiano, há uma movimentação grande na cidade, de turistas que viajam para passar o período do São João no município.
“Amargosa tem pouco mais de 37 mil habitantes e a gente estima que a população praticamente dobra no período da festa”, enfatizou.
Este mês, a rede hoteleira está praticamente 100% ocupada e, como as vagas não são suficientes para hospedar todos os turistas, algumas famílias alugam suas casas para esses visitantes.
“Muita gente sai de casa para alugar a residência. Dessa forma, amplia a nossa capacidade de hospedagem, já que a rede hoteleira não dá conta. Isso acaba gerando uma renda extra para as famílias”, disse o gestor.
Júlio Pinheiro, prefeito de Amargosa — Foto: Arquivo Pessoal
Pinheiro ainda destacou que os festejos juninos são mais importantes para a economia do o Natal. Segundo ele, o comércio vende mais, empregos temporários são criados, a renda que é gerada a partir do aluguel de casas e de empreendimentos temporários montados para atender o público.
“Nós conseguimos ter um aquecimento da economia que ajuda na renda das famílias o ano inteiro”.
“Inclusive, nós fizemos um estudo com um grupo de economistas que mostrou o impacto que o São João tem para nossa a economia. Um dos dados levantados, que é um dado oficial do Banco Central, mostra que mais de 70% das contas devedoras do sistema bancário em Amargosa são saudadas após o São João”, revelou.
O prefeito ainda comentou que foi montado um esquema de segurança pública que conta com as políciais Civil e Militar, o Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal.
Ibicuí
Marcos Galvão de Assis, prefeito de Ibucuí — Foto: Reprodução/Redes Sociais
A expectativa não é diferente para a cidade de Ibicuí, no sul da Bahia, que faz uma das melhores festas juninas do estado, conforme afirmou o prefeito Marcos Galvão.
“A economia sempre é movimentada nesse período, não só do comércio, mas também área de serviço. É gerada uma renda bem significativa para as famílias nessa época”, disse.
Durante os festejos juninos, cerca de 30 mil pessoas devem passar pela cidade, que está com o setor hoteleiro completamente ocupado. Assim como nos outros municípios citados anteriormente, os moradores também costumam sair de seu imóveis nesse período e alugar as residências para os turistas.
“São muitas casas alugadas, porque as famílias acabam indo para casa de amigos ou para a zona rural, porque é uma renda extra bem significativa”, pontuou.
Em relação ao esquema de segurança, o gestor enfatizou que será extremamente reforçado e contará com as polícias Civil, Militar e Rodoviária Estadual. Ele também destacou que foram realizadas reuniões prévias de integração para que a estratégia funcione da melhor forma possível.
Além disso, equipes do Corpo de Bombeiros também estarão a postos para atuar no período junino.
Fonte: g1 Bahia.